Interpelar o Passado, Acautelar o Futuro - a poesia de Manuel Resende
DOI:
https://doi.org/10.1344/abriu2024.13.6Palabras clave:
poesia, história, fascismo, política, revoluçãoResumo
Partindo da leitura do poema “Epigrama”, procuro pensar o modo como Manuel Resende interpela o passado na sua poesia, propondo a interrupção da recorrência histórica que encaminha as sociedades no sentido da catástrofe. As evidentes simetrias entre a ascensão dos fascismos no primeiro pós-guerra e o actual recrudescimento da extrema-direita obrigam-nos a compreender e a acautelar as condições que, ontem como hoje, estiveram na sua origem. Recorrendo à concepção histórica de Walter Benjamin, que se afigura decisiva na compreensão da poesia de Manuel Resende, propõe-se que apenas a revolução permitirá interromper o curso do tempo e redimir os vencidos da História. “Epigrama” surge, deste modo, como um exercício de presentificação de uma realidade sombria que, pese embora as diferenças de cada circunstância histórica, pode voltar a verificar-se no nosso tempo. Alertar para as graves consequências desse regresso é, como procuro argumentar, um dos propósitos fundamentais da poesia de Manuel Resende.
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