Escolas de samba, identidade nacional e o direito à cidade

Autores/as

  • Nelson da Nóbrega Fernandes

Palabras clave:

escola de samba, identidade nacional, cultura popular

Resumen

As escolas de samba surgiram no final da década de 1920, inventadas e organizadas pelos grupos mais pobres da cidade do Rio de Janeiro, que saíram de seus subúrbios, bairros e favelas para conquistar a grande festa da capital do país e se tornar, ao final da Segunda Guerra Mundial, o símbolo mais original e conhecido da representação nacional brasileira. As interpretações mais tradicionais desqualificam essas grandes conquistas, acusam correntes nacionalistas, políticos populistas e a ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945) de terem manipulado e controlado ideologicamente as escolas de samba, impondo o desenvolvimento de enredos em prol de um discurso oficial, nacionalista e patriótico que convinha à dominação. Neste artigo nos opomos radicalmente a essas interpretações, mostrando que tal domínio foi bastante relativo, que o desenvolvimento dos temas nacionais no carnaval carioca é um assunto bem mais complexo e, finalmente, que a transformação do samba e da escola de samba em representação nacional foi uma estratégia para conquistar e se impor ao carnaval, à cidade e à sociedade. Narramos uma rara e bela vitória dos vencidos.