Democratizou-se a poluição? Um estudo dos riscos tecnológicos e ambientais associados à industrialização em região semi-árida do Brasil

Autores

  • Raquel Rigotto

Palavras-chave:

industrialização, riscos ocupacionais, riscos ambientais

Resumo

O caráter global das mudanças ambientais permitiria-nos falar em "democratização da poluição", como postulado por Ulrich Beck e Anthonny Giddens na teoria da sociedade de risco? Em que medida as teorias da modernização reflexiva e da modernização ecológica aplicam-se aos contextos sociais dos países em desenvolvimento? Quais as implicações sócio-ambientais da atual divisão internacional do trabalho? Estas indagações teóricas conformam o pano de fundo para o estudo de aspectos da sustentabilidade do processo de industrialização em curso no estado do Ceará, no nordeste do Brasil. Verificou-se que, no período de 1995 a 1998, 432 novas indústrias se implantaram no estado, nos ramos de produtos alimentares e bebidas, vestuário, calçados, metal-mecânica, química e farmacêutica, material elétrico e eletrônico e têxtil. A classificação destes ramos de atividade de acordo com o risco ocupacional e o potencial degradador do meio ambiente mostra que a maior parte deles encontra-se entre os mais elevados. Conclui-se que, no caso estudado, há uma tendência à concentração de ramos de atividade potencialmente danosos à saúde e ao meio ambiente, que certamente não interessam mais aos países desenvolvidos, pelos custos que trariam em medidas de proteção. Observa-se, assim, uma estratificação sócio-espacial na divisão do trabalho que, somada a outros fatores relacionados ao contexto social, político e institucional, aponta para a amplificação sócio-política dos riscos tecnológicos e ambientais, ampliando os impactos negativos sobre a qualidade de vida da população.

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Publicado

2007-02-21

Edição

Seção

Articles