Leitura Furiosa: uma poética da escuta
DOI:
https://doi.org/10.1344/abriu2024.13.3Palavras-chave:
Leitura Furiosa, poética da escuta, escrita, educação, cocriaçãoResumo
Este estudo pretende apresentar algumas das especificidades do projeto Leitura Furiosa, um encontro anual, em Portugal e em França, entre escritores, ilustradores e grupos de pessoas que vivem o seu quotidiano afastadas da escrita e da leitura, do qual resultam textos e ilustrações assinados coletivamente. Tendo simultaneamente um propósito artístico e educativo, visando o combate à iliteracia, a Leitura Furiosa tanto procura dar a conhecer aos grupos a importância da escrita e da leitura como também busca ampliar a escuta das vozes destes grupos, provenientes de contextos mais invisibilizados, na esfera pública. A partir da análise da metodologia do projeto, procura-se contextualizar a Leitura Furiosa como uma manifestação artística que resiste a uma categorização estável, possuindo algumas características das «literaturas de campo», mas também uma dimensão participativa e comunitária, de acordo com o pensamento de François Matarasso. Pretende-se também evidenciar o caráter dialógico do projeto, recorrendo ao pensamento de Paulo Freire, e demonstrar como o exercício da escuta desempenha um papel fulcral na dinâmica do projeto, que desagua numa prática artística centrada na ideia do «escrever com». Através da análise de alguns dos materiais literários elaborados em cocriação, este artigo procura demonstrar como a proposta da Leitura Furiosa se centra numa poética da escuta.
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