Lutas práticas e epistemológicas pelo abolicionismo
Resum
A crescente atenção que tem merecido o abolicionismo nos últimos anos não tem sido suficiente para inverter o sentido dominante da acção social e política, que tem sido trocar, como se diz, liberdades por segurança. Pode haver um bloqueio epistemológico a impedir a contágio do sentimento crescente de repugnância perante a violência e a tortura aos sectores sociais que fazem da superioridade e da competição resposta universal para qualquer problema.
Um obstáculo ao vingar do abolicionismo é o estigma de eterno derrotado, D.Quixote das causas perdidas. A diversidade de entendimentos do que seja o abolicionismo, separado por especialidades políticas, jurídicas, económicas, culturais e outras, que correspondem a dimensões sociais conceptualizadas como sistemas em vez de aspectos da mesma realidade, oferece uma complexidade e conflitualidade artificial entre os abolicionistas, dispersando-os. A relutância em reconhecer a tendência natural das pessoas, incluindo – ou até sobretudo – as mais ilustradas, para a discriminação e para apoiar actos perversos, para produção de sentimentos de segurança, reprime a discussão da hipótese abolicionista. O maniqueísmo assim induzido e imbuído nas representações da vida social opõe a santidade à deliquência como essências dos “nós” e dos “outros”. O que só é possível pela recusa de reconhecer em todos a mesma natureza social, isto é, a capacidade de adaptação, de transformação, de dominação, própria da espécie humana, independentemente das questões morais que separam aquilo que se quer tomar conhecimento e aquilo que estrategicamente se encobre dos adversários mas também de si próprio.
A tortura, a sua alegada e legislada abolição, a sua persistência à margem das leis no próprio seio das máquinas encarregues de fazer cumprir as leis, as discussões relativistas sobre o que a lei pode ou não considerar ser tortura nos EUA, para cobrir práticas ilegais de vários estados seduzidos por essa estratégia recentemente denunciada pelo próprio estado federal norte-americano, faz-nos perguntar que função terá a tortura na satisfação da natureza humana.
O abolicionismo, conclui-se, é parte integrante do processo civilizacional. A ponta de diamante da civilização, apesar de todas as contradições, tem vingado. Como afirma Norbert Elias, é um problema de perspectiva temporal e histórica. Estamos num ciclo de recuo. Mas a evolução pode voltar a ter um sentido moralmente positivo.
Descàrregues
Publicades
Número
Secció
Llicència
El/la autor/a conserva els drets d'autor i atorga a la revista el dret de primera publicació de l'obra.
Els textos es difondran sota una llicència de reconeixement de Creative Commons 'Reconocimiento-No Comercial-SinObraDerivada 4.0 Reconeixement-NoComercial-SenseObraDerivada 4.0 que es veurà especificada en cada un dels articles.
la llicència permet compartir l'obra amb tercers, sempre que aquests reconeguin la seva autoria, la seva publicació inicial en aquesta revista i les condicions de la llicència. No es permet un ús comercial ni la creació d’obres derivades sense el permís del titular dels drets d’autoria.
En aquells casos en què un article ja hagi estat publicat, es respectaran els drets originals i s'ha d'advertir en una nota al peu d'aquella publicació original.