1986 O ano da morte da liberdade político-econômica de Portugal. Notas críticas em torno do romance A Jangada de Pedra
DOI:
https://doi.org/10.1344/abriu2023.12.3Palabras clave:
União Europeia, Dominação econômica, Ressentimento crítico, José Saramago, RepresentaçãoResumen
As críticas de José Saramago registradas em suas obras literárias e em seus diários são muito claras quanto aos malefícios trazidos pelo processo político conservador reiniciado desde a contrarrevolução de 25 de novembro e que culminou na entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE), acarretando a manutenção do nível de pobreza de grande parte dos trabalhadores. Durante tantos anos convivendo com esse ressentimen- to crítico, advindo principalmente da dependência econômica que Portugal sofreu historicamente, sempre sob a «proteção» de um poder mais forte, Saramago fica cada vez mais convicto das críticas que tecera em seu romance de 1986. Quando o autor construiu a jangada de pedra, preferiu fazê-la navegar por águas atlânticas do que vê-la afundar diante das novas imposições dos bancos e centros financeiros franco-germânicos. Desse modo, Saramago oferece uma nova oportunidade aos ibéricos para repensar e escolher suas parcerias e identidades, reconstituindo as ideias e os valores de união dos indivíduos.
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