A era da Inércia?
Historicidade, Revolução e Brasil
DOI:
https://doi.org/10.1344/astrolabio.v1i29.48102Palavras-chave:
Revolução, Neoliberalismo, Fim da HistóriaResumo
As humanidades tomaram para si o conceito astronômico de revolução. Se antes a ideia consistia numa volta completa até o seu ponto de retorno, agora ela ultrapassa seu sentido original e passa a ser relacionada a grandes transformações estruturais, uma ruptura com o status quo, ou concebida como uma tentativa de adequar o ideal ao real; uma subversão da ordem. Todavia, hodiernamente, a ideia de Revolução parece temida ou algo que pertence somente aos livros de história. Com o ocaso da URSS, sob certo entusiasmo, proclamou-se um falacioso agouro: chegamos ao fim da História! Ao real cabia agora apenas uma adequação a um único e vitorioso ideal: o (neo)liberal. É como se passadas as Eras das Revoluções, dos Impérios e dos Extremos, tivéssemos alcançado uma era da conformação, a Era da Inércia, cuja noção de tempo apresenta-se como um eterno e inevitável presente sem qualquer dimensão de futuro, de modo a manter a contingência e criatividade humana reféns de um pensamento único, de uma ditadura da falta de alternativas. Portanto, o objetivo deste trabalho é recorrer a autores clássicos e contemporâneos que nos permitam pensar o hoje para além do agora, possibilitando o vislumbrar de novos amanhãs; um resgate de nossa criatividade e contingência. É preciso que recuperemos uma disputa por utopias e respondamos: uma revolução ainda é possível? Novos Brasis podem ser o nosso horizonte de expectativa? Assim, através de Hegel e da tradição hegeliana, refletiremos sobre a relação entre historicidade e revolução a fim de criticar o que identificamos ser uma tentativa neoliberal de congelar a temporalidade; e, por fim, resgatar nossa dimensão de futuro e potencial transformador.
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