A Revolução dos Cravos e as releituras dos mitos nacionais portugueses no Brasil (1974)
DOI:
https://doi.org/10.1344/Abriu2023.12.9Palabras clave:
Revolução dos Cravos, Portugal, Brasil, História Cultural, nacionalismoResumen
No presente artigo analisamos as asserções de João Apolinário sobre a Revolução dos Cravos. Assim, examinamos como esse evento foi descrito pelo autor e quais estratégias de escritura estavam em jogo, pois esses textos foram publicados no Brasil, primeiramente, em 1974, nos meses que se seguiram ao evento, em um periódico, o Última Hora de São Paulo e, posteriormente, unificados em um livro, 25 de Abril de 1974 Portugal Revolução Modelo, publicado pela Editora Nórdica no mesmo ano. Sob a perspectiva de João Apolinário, os textos introduziram a situação portuguesa durante do Estado Novo e, em seguida, descreveram as conquistas alcançadas pela Revolução de 1974. Como uma forma de justificar a pertinência desse evento, o autor também mobilizou alguns mitos nacionais de Portugal, tentando afastar o legado colonial e aproximar a realidade revolucionária aos leitores brasileiros. Com essas questões em vista, operamos uma análise aliada à História Cultural proposta por Roger Chartier (2002) com o auxílio das considerações de Anthony Smith (1999) sobre o nacionalismo e as estratégias de mobilização da narrativa histórica como fonte de legitimidade para as demandas do presente. Em nossa perspectiva, esses escritos realizavam um duplo movimento de 1) reler os mitos nacionais portugueses, mobilizando-os como justificativas históricas e determinantes para o sucesso da revolução e 2) apresentar aos leitores brasileiros o modelo português como uma forma possível de luta contra a realidade do Regime Militar (1964-1985).
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